Sonhava e nunca admitia o romance, a aventura e os dramas de seus sonhos.
Sonhava e tinha vergonha de sonhar.
Sonhava alto e quando falava em voz alta sobre seus sonhos, logo desistia de compartilhar todos eles.
A menina que viveu a infância tão bem acompanhada e tão só.
A menina de extremos que sempre julgou-se tão auto-suficiente e tão dependente de tanta gente.
A menina que sempre mostrava-se uma fortaleza, mas poucos sabiam que a bela fortaleza estava prestes a desmoronar por dentro.
Encontram-se apenas ruínas lá dentro, e são poucos os que conseguem entrar na fortaleza, onde o muro e as grades continuam intactas, belas e firmes.
Lá dentro? só há cacos e várias dela, se prendendo à lembranças, suposições e pensamentos.
Dessa fortaleza, vez ou outra, saem alguns desses cacos e transparecem nos atos, expressões e palavras dessa menina.
Esses cacos sempre a cortam quando saem e nunca vão embora de vez, a menina gosta de ter lembranças -boas e ruins- e faz aqueles cacos voltarem, pois se ela esquecê-los, não poderá imaginar uma forma diferente de ter feito tudo de novo.
A menina orgulha-se de ter esses cacos, pois só assim ela se vê no agora e gosta do que vê. "Com toda a certeza, se eu não tivesse vivido tudo isso, não seria o que tanto me orgulho", é o que sempre pensa.
E às vezes, uma cruel dúvida aparece: Será que eu devo me orgulhar mesmo de tudo isso?
E às vezes ela quer tanto ficar só. Às vezes é o que ela mais teme: a solidão.
A menina gosta de pensar, gosta de acreditar, gosta de seguir e de imitar as pessoas, elas sempre são engraçadas.
A curiosidade da menina sempre foi tamanha em relação às pessoas, são tão previsíveis e sempre parecem ser imprevisíveis.
Os olhos atentos, brilhantes e curiosos dela sempre captaram com satisfação todos os movimentos daqueles que a fazem bem, geralmente todos os que ela gosta tem movimentos tão sublimes, contínuos e bem elaborados.
Ela não sabe se é isso mesmo ou se ela imagina junto com o que vê.
O mundo da menina são dois. A imaginação e o real.
Ela nunca conseguiu diferenciar muito bem os dois e faz questão de misturá-los sempre que pode.
A menina sempre amou, sempre foi amada.
Ela acreditava no amor incondicional, e amou a todos. Incondicionalmente.
Ela acreditava mesmo nos anjos e muitos deles cruzaram seu caminho.
Ela existiu, existe e sempre existirá.
Seus anjos também.
Retirado do Blog Verso Torto.
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